segunda-feira, 4 de julho de 2011

Entre a Luz e a Sombra


              
               Conheço Luciana há pelo menos 8 anos quando ela me procurou para uma sessão de vidas passadas e logo em seguida começou freqüentar o meu espaço regularmente fazendo parte do grupo de meditação etc. Se procurasse um traço, um movimento que definisse Luciana acho que a palavra seria simplicidade. Lu como a chamamos é uma pessoa simples, nos gestos, nas palavras, nos sentimentos. Assim quando ela comentava ocasionalmente sobre seu trabalho nunca imaginei que o documentário que ela fazia fosse algo tão bonito e profundo. Parecia apenas mais um trabalho diferente.
               
              Nos anos que se passaram pudemos sentir as mudanças nela. Apesar de ser uma pessoa suave as vezes víamos seu rosto pesado, seus gestos preocupados mas como ela não comentava nada também não perguntávamos porque amizade também é saber ficar em silêncio junto.
               
              Quando ficamos sabendo que o seu filme tinha sido premiado no Festival internacional de Biarritiz confesso que nos surpreendeu, porque ela sendo assim tão discreta nunca mostrou a profundidade do seu sonho. Sabíamos que ela era guerreira e que tinha colocado todas suas  fichas nesse seu projeto, mas não fazíamos idéia da penetração do filme. E depois disso amigo leitor não pense que ela ficou vaidosa ou diferente, ao contrario sua posição continuou sendo discreta e tranqüila como sempre. Para nós vermos que de fato não devemos julgar os fatos ou as pessoas pelas aparências que é uma das mensagens do filme que recebeu o nome: Entre a Luz e a Sombra.
               
              A história deste filme é de arrepiar, pois é um documentário que parece que Deus se tornou o roteirista. Luciana começou filmar a história de uma atriz que tinha o sonho de mudar o mundo e vencendo todo tipo de preconceito ainda muito jovem começa dar aulas de teatro no antigo presídio Carandiru. De repente ao longo do seu trabalho junto aos detentos dois presos se transformam em ídolos da música e famosos no Brasil inteiro. Tudo por acaso. Mas será que existe acaso? Ou seria a mão de Deus fazendo Luciana documentar um drama humano e cheio de ensinamentos?
              
              A sensibilidade das lentes da câmera de Luciana mostrou a vida na casa de detenção de uma forma sutil,  e até amorosa o oposto do que todos nós imaginamos. Porque é claro que quando se pensa em presidiários imediatamente pensamos em delinqüência, em pessoa do mal, em um mundo de sombras.
Nessa balança não podemos aceitar o mal e o bem caminhando juntos. No nosso mundo os rótulos são pesados demais, assim quem é do mal não pode se regenerar, da mesma forma quem é do bem não pode errar, mas é assim mesmo que a vida acontece?

                Como ensinam os mestres as sombras mostram a luz, o bem penetra o mal, a compreensão nasce da ignorância e a transforma, e para finalizar Deus age através de nós.

                  Devo confessar que Luciana participou da quebra de um preconceito que também já carreguei comigo. Se você acompanha meus artigos sabe que no ano retrasado fui assaltada em minha própria casa e que tive uma grande aprendizado com este abalo. Mesmo durante a invasão da minha casa ficava claro dentro de mim que aquelas pessoas não eram seres de uma outra natureza diferente da minha. Sentia que fazíamos parte do mesmo princípio divino e que apenas o que nos separava era a falta da consciência amorosa e as nossas escolhas diferentes. Mas não pude deixar de pensar em meio ao turbilhão que tomava conta da minha vida naquele momento que um dia aqueles rapazes foram crianças como eu e você...   



                 O filme da Luciana é um exemplo de solidariedade verdadeira, de uma visão da vida sem preconceitos. As pessoas sensíveis precisam conferir esta obra de arte. E quando estiverem assistindo o filme lembrem-se do lema “Somos todos um” mostrado no filme com maestria.

                 Com certeza os presidiários, ali estão por conta dos seus delitos, mas afinal quem não erra? Quem pode atirar a primeira pedra?

                 Concordo que a proporção de nossas escolhas definem a nossa vida e por isso o destino nos oferece mais ou menos oportunidades, mas se não abrirmos as portas do coração para acolher, ajudar quem somos nós? Não seriamos sombras ainda mais pesadas e escuras do que daqueles que cometem erros por absoluta impossibilidade de acerto?

                  Acredito que cuidar do nosso interior e de nossa espiritualidade é o caminho para viver a integridade da experiência humana, aceitando as diferenças e fazendo a nossa parte para que os extremos não sejam tão cortantes e destruidores.

                 Se somos todos um, de verdade, temos que tomar conta daquela parte da sociedade que ainda não sabe amar...



Conheça um pouco mais sobre isso no blog: http://entrealuzeasombrafilme.blogspot.com .

                  Luciana muita luz e boa sorte a você e a seu filme. Que a mensagem do seu filme alcance o coração dos milhares de brasileiros que ainda não pensaram sobre suas próprias sombras...


Um beijo da MS

4 comentários :

  1. Muita vontade de participar dessas suas rotinas no seu espaço!!!!
    Pena que moro no Rio!bjão MS!

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  2. gostei seu post.

    nada é mesmo por acaso

    e ela só cumpriu parte de sua missão aqui

    que Deus a abençoe

    abraço

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  3. Olá.. Gostaria de saber se o filme da Luciana está à venda?

    Janaina Silva

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  4. Olá Janaina.

    o filme da Lu ainda nao está em DVD. Por esta razão nós estamos criando um movimento de arrecadação de fundos para que este projeto se manifeste. Visite o blog que criamos para tal evento. Vc é convidada a assistir ofilme que será exibido pela última vez em SP no dia 21/7 às 21 h, no Cine Livraria Cultura, na Paulista. Entre em contato com a gente em Alkpha Lux para maiores informações sobre convite, 3673-4824. Abraços. Patrícia, assessora MS.

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