terça-feira, 16 de abril de 2013

Aceitar o fim



Você já reparou como é difícil a gente aceitar o fim dos ciclos?
Às vezes, a relação já se desgastou, estamos infelizes, sabemos que o outro também está mal, mas quando recebemos a notícia do fim, ficamos mal.
Pois é, esse sentimento afeta muita gente. Parece que as pessoas não querem perder. Querem ter a última palavra, o último pensamento a respeito do assunto. Ganhar! Mas a vida não é um jogo, onde apenas se ganha ou perde. Existem mil nuanças no meio do caminho.

Às vezes, ganhar pode significar abrir mão de muitas coisas. E perder pode significar continuar, manter uma relação, um emprego, uma história que de um determinado ponto para frente pode trazer apenas desgosto.
Então, por que o medo de mudar? Por que a resistência em aceitar o fim do ciclo?
Medo do novo talvez? Medo da vida? O fato é que a vida não fica parada para a gente sofrer, e muitas vezes temos que lidar com surpresas desagradáveis, ou no mínimo, com situações que podem parecer ruins até que nos acostumemos a elas.
Foi nessa sintonia de susto, medo, revolta que recebi Daniel.

Homem bem apessoado, com seus 48 anos, professor, "abandonado" pela esposa que, de repente, arrumou outro. Fiquei sabendo disso sem mesmo perguntar, já que minha sessão começa com um relaxamento e a entrevista fica para o final. Ele, muito ansioso, quis me contar tudo e foi logo se abrindo e reclamando. Expliquei que a sessão de Vidas Passadas sempre explica muita coisa, mas que é preciso paciência. No fim, ele concordou e se deixou conduzir, mas sob protesto. Queria resultados rápidos e respostas que aliviassem o sofrimento.
Vidas passadas mostrou seu caráter agressivo, e seu desejo de dominar a vida. Ele foi em várias existências
um guerreiro, lutador convicto de suas crenças, não permitia negociações. E, ao mesmo tempo, sentia-se solitário. Queria o convívio e aceitação das pessoas, porém, precisava se sentir por cima, forte, liderando.

Quando terminamos a sessão que nada mostrou de amor ou de relacionamentos afetivos, ele estava calado querendo ouvir mais. Expliquei que na vida passada ele gostava de falar, de mandar, de dominar a situação pela força e que este potencial hoje poderia estar ligado ao intelecto, à capacidade mental, racional que ele, como professor, exercitava.
Ele concordou, baixando os olhos, dizendo assim: eu sou essa pessoa. Será que foi por isso que a Júlia foi embora?
Claro que eu não tinha essa resposta. Afinal, os relacionamentos terminam por muitos motivos, incompreensão, mágoas, cobranças, questões financeiras, falta de amor, enfim, muitas coisas, e às vezes tudo reunido.

Depois de conversarmos sobre tudo isso, perguntei se ele amava a ex-esposa, e ele disse que não. Então, por que sofrer? Perguntei tentando entender o ponto de sua dor, e onde ele queria chegar.
De supetão, ele respondeu que não sabia, que nem ele mesmo entendia por que estava sofrendo já que não amava esta pessoa que estava casado há anos. Enquanto falava comigo, seu semblante ficou mais pesado, quando falou dos desencontros, dos ressentimentos que cultivava por conta das atitudes da esposa que achava que eram egoístas. Depois foi ficando mais leve quando comentei com ele que quando um ciclo se fecha outro se abre, e que poderia ter alguém esperando por ele!


Amigo leitor, a vida sempre continua. As coisas acontecem e a gente não tem como impedir certas situações de stress, nem o fim de relações. Tudo faz parte do jogo da vida, e nem sempre vamos ganhar.
Fiquei pensando que faria muito bem para o Daniel encontrar uma outra pessoa, pois como ele me falou seu relacionamento estava viciado, cheio de críticas, de pesos e desencantos. E por que viver assim?
Por que passar tanto tempo de nossas vidas sem amor, às vezes, dividindo apenas as contas?
Sempre alguma novidade, um curso, uma viagem, um novo emprego ou um inesperado amor trazem junto a chance de viver diferente, de inovar nas atitudes e de aprender coisas novas.
Sempre brinco com meus clientes dizendo que antigamente as pessoas se casavam apenas uma vez porque morriam cedo...

Mas quero deixar claro que sou totalmente a favor do casamento, do amor, da vida em família. Porém, se vamos viver em guerra, ou em dor, melhor olhar para a vida com coragem e luz. Não acha?

MS

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