Quando em meados dos anos 90 ressurgiu a bruxaria muitas pessoas ficaram assustadas pensando em rituais macabros, e coisas negativas, porém o resgate da religião da deusa não carrega consigo nada assim pesado ou negativo. Devemos lembrar que somos nós que tornamos as coisas sagradas, ou profanas dependendo do uso que fazemos das informações...
O que hoje conhecemos como dia das bruxas ou Halloween é uma deturpação de um antigo festival wicca que comemorava o pico do outono no hemisfério norte em 31 de outubro, quando o sol começa a se esconder. Este antigo festival também conhecido como Samhain festejava a colheita feita no outono e o dia da passagem daqueles que partiram para o país do eterno verão (morte). Data que ficou conhecida como dia dos mortos, na tradição cristã, finados.
Em algumas tradições também é comemorado o ano novo, uma data de renovação que convida as pessoas comemorarem suas conquistas, se preparando para guardar forças para o inverno que já vem chegando. O calendário da época respeitava a observação da natureza. Assim no outono a vida está indo embora e um ciclo está se fechando.
Podemos refletir sobre os tempos antigos em comparação com a vida moderna e observar que nos detemos muito pouco comemorando aquilo de bom que conquistamos. Nos tornamos muito objetivos, e as datas se moldaram a calendários formais e não mais a observação da natureza.
No meu trabalho individual e nos grupos sempre faço as pessoas refletirem sobre o quando cultuam o sagrado em suas vidas, e quanto sabem agradecer por tudo de bom que tem recebido do universo.
Hoje em dia nos encantamos com as conquistas rápidas que o mundo capitalista nos propõe. Desejamos o sucesso, as realizações e muitas vezes quando finalmente colhemos os frutos, as coisas são tão rápidas que nos esquecemos de comemorar e agradecer!
Nossa mente está tão acostumada com as mil necessidades diárias que deixamos de lado o momento da comemoração. Parece que quando alcançada a sonhada promoção, ela já deixou de ser importante. Rapidamente acoplamos em nossos orçamentos os novos ganhos, e acumulamos mais trabalho, mais horas de dedicação ao profissional sem tempo de curtir a alegria da conquista.
Estudando a mitologia e as antigas religiões fui sendo convidada a refletir sobre tudo isso. E vejo que a modernidade nos afasta do sagrado.
Foi somente na prática semanal de meditação que de fato compreendi a necessidade desta parada para observar a passagem do tempo e a ação divina, e repensar atitudes e valores.
Numa época em que colocamos o tempo como adversário, já que nunca o temos ao nosso lado, parar e meditar parece coisa para gente iluminada. Mas não é...
Parar, meditar, e se conectar ao divino, agradecendo nossas conquistas, pedindo libertação de nossas pequenas desgraças diárias nos torna muito mais humanos, mais complacentes para com o próximo e também para conosco. Lembrando que a observação e o diálogo interno positivo é fundamental para tornar a nossa vida mais sagrada e feliz. Pense nisso quando lembrar do dia das bruxas...
Um beijo a todos,
Maria Silvia